sexta-feira, 27 de abril de 2012

Judaísmo, A Herança de um Povo


Dentre as muitas religiões que temos espalhadas pelo mundo, o judaísmo é sem dúvida a primeira religião monoteísta que apareceu no cenário histórico. A crença principal é fundamentada na existência de apenas um único Deus soberano e todo poderoso, que através dele tudo foi criado. O Torá narra uma aliança feita entre os Hebreus e Deus, nesse acordo esse povo seria propriedade exclusiva de Deus e eles habitariam a terra prometida.

A fé judaica nos dias de hoje é praticada em diversos lugares, mas a maior concentração de praticantes é no estado de Israel, onde está localizada Jerusalém cidade que tem um grande significa político e religioso para esse povo.


A história de um povo

Muito se escreveu sobre a história dos Judeus, mas encontramos na Bíblia o contexto correto para entendermos a história desse povo. Como vemos nas sagradas escrituras, por volta de 1.800 a.C. aproximadamente, Abraão escutou a voz de Deus para abandonar o politeísmo e partir para Canaã (nome proveniente de seus antigos habitantes, os cananeus), também conhecido como seu atual nome Palestina (é um nome derivado de "filisteus", em hebraico pelishtim). Abraão teve um filho chamado Isaque, esse por sua vez teve um filho chamado Jacó. Na narrativa Bíblica num certo dia, Jacó luta com um anjo de Deus e tem seu nome mudado para Israel. Dos doze filhos de Jacó que se originam as doze tribos que formavam o povo judeu.

Por volta de 1.700 a.C., o povo judeu se refugia no Egito fugindo de uma grande fome e escassez, porém são escravizados pelos faraós por aproximadamente 430 anos, quando um dos faraós esqueceu dos feitos de José, filho de Abraão. Por volta de aproximadamente 1.300 a.C. se deu a libertação desse povo das terras do Egito. A fuga do Egito foi liderada por Moisés, que foi o escolhido de Deus para tal tarefa, depois de ver uma sarça no deserto queimando, mas sem se consumir e uma voz vinda de Deus em sua direção, dizendo como deveria ser o plano de libertação do seu povo. Depois de haver libertado o povo recebe as tábuas dos Dez Mandamentos no monte Sinai. Por conta da dureza do coração e da desobediência o povo passou 40 anos peregrinando pelo deserto, até receberem a ordem de Deus para voltarem para a terra prometida, a tão esperada Canaã.

 Foi por volta de 1.011 a.C., aproximadamente sete anos depois de sua unção pelo Profeta Samuel, foi que Davi tornou-se rei de Judá. Ele não reinou diretamente em Jerusalém, mas primeiro reinou sete anos em Hebrom. O filho de Saul Is-Bosete, foi feito rei de Israel. Isso foi sete anos e meio antes de Davi começar a reinar em Jerusalém, sobre toda a nação de Israel e sobre Judá. Davi reinou então, sete anos em Hebrom e trinta e três anos em Jerusalém, no total Davi reinou quarenta anos. A cidade de Jerusalém é transformada num centro religioso pelo rei Davi. Após o reinado de Salomão, filho de Davi, as tribos dividem-se em dois reinos (933-587 AC), Reino de Israel (norte) e Reino de Judá (sul). É Neste período de divisão, que aparece a crença da vinda de um Messias, que seria o Salvador, que iria juntar o povo de Israel e restaurar o reino de Deus sobre toda humanidade.

 A primeira diáspora judaica aconteceu provavelmente no ano de 586 a.C., quando o rei babilônico Nabucodonosor, invadiu o reino de Judá. Em 722 a.C., quando o reino de Israel ao norte é destruído pelos assírios e as dez tribos de Israel são levadas como cativas à Assíria e Judá passa a pagar altíssimos impostos para evitar a invasão, o que não será possível negociar com Nabucodonosor. A invasão de Nabucodonosor é feita em três investidas, a primeira leva cativo o rei de Judá e parte do povo como príncipes e sábios da terra. Em uma segunda rebelião, Jerusalém é cercada por aproximadamente dois anos e num segundo cativeiro são levados mais de 10.000 Hebreus. Uma terceira rebelião faz com que Jerusalém seja totalmente destruída, os muros são derrubados, o Templo destruído e seus tesouros saqueados.

Em 70 d.C., os romanos invadem a Palestina sob o comando do general Tito e o templo de Jerusalém é destruído, no século seguinte em 135 d.C., a cidade de Jerusalém, passou por uma nova diáspora judaica. Após todos esses fatos os Judeus foram espalhados para outros países da Ásia Menor, África ou sul da Europa, mas mantendo sempre sua história, cultura e religião sempre acesa em suas memórias. Acredita-se que aproximadamente seis milhões de judeus foram exterminados em um verdadeiro genocídio durante a Segunda Guerra Mundial nos campos de concentração nazista. Isso impulsionou o restabelecimento do Estado de Israel em 14 de maio de 1948. Nessa data o povo Judeu retorna a pátria depois de quase 2.000 anos em domínio estrangeiro.

 A literatura sagrada dos Judeus

Os Judeus têm dois livros que eles consideram de grande estima, o primeiro é a Torá, também conhecido como Pentateuco, para os judeus esse livro além de estimado é considerado sagrado, pois foi revelado diretamente por Deus a Moisés. Os livros que compõem a Torá são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

O Talmude é o livro que reúne muitas das tradições orais dos Judeus, nele há o registro das discussões rabínicas concernentes à lei, ética, costumes e história do judaísmo. O Talmude divide-se em quatro livros: Mishnah, Targumin, Midrashim e Comentários.

 Rituais e símbolos judaicos

Como o templo de Jerusalém havia sido destruído em 586 a.C., e os Judeus sentiam necessidade de adorar a Deus, eles instituíram um templo chamado de Sinagoga, um lugar para realização dos seus cultos. Nesses cultos o seu dirigente é um sacerdote, que era um mestre da lei chamado de rabino. O judaísmo tem como seu símbolo sagrado o menorá, um candelabro com sete braços.

Os Judeus têm como ato ritualista a circuncisão dos meninos ao completarem oito anos de vida. A circuncisão mostrava que aquela criança fazia parte da aliança de Deus feita com o povo de Israel. Quando uma menina atinge os 12 anos de idade e um dia celebra-se o Bat Mitzvá, que significa filha da lei e os meninos ao completarem 13 anos e um dia celebra-se o Bar Mitzvá, que significa filho da lei, esse ritual identifica que pela lei judaica eles são responsáveis pelos seus atos.

Dentro das sinagogas, existe uma arca, que simboliza a ligação entre Deus e o Povo Judeu. Nesta arca são guardados os pergaminhos sagrados da Torá.

O uso do kipá pelos homens, que é uma pequena touca, que representa o respeito a Deus no momento das orações.

As festas judaicas e seus significados

O calendário judaico é lunisolar, por esse motivo as datas das festas religiosas são flexíveis. As principais são as seguintes:

Purim -essa festa celebra o grande livramento de Deus em meio ao massacre preparado pelo rei persa Assuero.
Páscoa ( Pessach ) - é comemorado a libertação do povo judeu quando esse era escravo no Egito.
Shavuót - celebra a revelação da Torá ao povo de Israel.

Rosh Hashaná - é comemorado o Ano-Novo judaico.
Yom Kipur - é celebrado o dia do perdão. Os judeus fazem jejum por 25 horas e fazem orações constantes.
Sucót -lembra a peregrinação de 40 anos no deserto, após a libertação do cativeiro do Egito.
Chanucá - comemora o fim do domínio assírio e a restauração do tempo de Jerusalém.
Simchat Torá - celebra a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés.


 Por: Apolônio Alves

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