sábado, 24 de novembro de 2012

Júri Simulado elaborado pelo Pr Apolônio Alves no curso de Teologia do SEMITEC

Postei esse vídeo do youtube de um Júri Simulado que foi uma das aulas do Séminaire de Théologie Culture na disciplina de Soteriologia, onde o réu foi Calvino e sua doutrina da predestinação. O Júri Simulado foi realizado na própria cidade de Calvino em Genebra/Suíça em 19.11.12.

Parte 1




Parte 2




Parte 3





sexta-feira, 23 de novembro de 2012

TEMPOS DE CRISE, TEMPOS DE ESPERANÇA



Jeremias foi um profeta judeu que viveu há muitos séculos atrás, cerca de 626 a.C, no Oriente Médio, num país chamado Judá. 

A missão dele era muito difícil: Proclamar os juízos de Deus a um povo incrédulo e duro de coração, que desprezava ouvir a voz de Deus, preferindo escutar os falsos profetas daquele tempo.

Jeremias viveu em um período de declínio e queda do reino de Judá. Ele recebeu, da parte de Deus, a difícil tarefa de advertir a nação sobre a invasão de uma nação estrangeira e, consequentemente, a destruição de Jerusalém. 

Os falsos profetas, porém, anunciavam exatamente o contrário da predição de Jeremias, pois, segundo eles, haveria paz na nação (Jr 23.17). 

No entanto, a exatidão das palavras de Jeremias eram tão grandes que os seus compatriotas sentiam que, de algum modo, ele era responsável pelos acontecimentos adversos. Por isso, ele foi rejeitado, perseguido, preso e lançado em uma cisterna, como se fosse um malfeitor. 

Após a queda de Jerusalém em 19.07.586 a.C., assistimos ao crepúsculo do profeta. Deixado livre pelos babilônios, Jeremias escolheu ficar com Gedalias, o governador nomeado pelo rei de Babilônia, junto com o resto do povo pobre que ficou no país. Mas tarde, foi levado à força ao Egito, onde passa a repreender a idolatria que seus conterrâneos ali praticavam. Segundo a tradição, foi apedrejado até morrer.

Ser profeta de Deus no tempo de Jeremias não era nada fácil. O povo tinha se rebelado contra Deus e, por isso, Jeremias foi desacreditado, rejeitado e considerado um traidor. Ao que tudo indica, ele não viu sequer uma única pessoa converter-se do seu pecado, ao longo do seu ministério de mais de quarenta anos; porém, depois de sua mensagem de julgamento se cumprir, o povo o reconheceu como um verdadeiro profeta do Senhor, embora que isto tenha ocorrido tarde demais.

Jeremias não era o único profeta do seu tempo, mas muitos outros só traziam profecias otimistas, de conquistas, de vitórias, de prosperidade e independência, enquanto Jeremias - o profeta solitário - sustentava a verdade estabelecida por Deus, sobre o seu povo.

Jeremias também pregou contra a violência e criminalidade que existia no meio do povo daquela época. 2.34 Até nas beiras das tuas roupas se achou o sangue dos pobres inocentes; 5.1. DAI voltas pelas ruas de Jerusalém, e procurem pelas praças, para ver se encontram alguém que pratique a justiça ou busque a verdade; 28 Engordam-se e estão fartos; não julgam a causa do órfão e do necessitado, mas mesmo assim prosperam. 9.21-22. Porque a morte subiu pelas nossas janelas, e entrou em nossos palácios, para exterminar as crianças das ruas e os jovens das praças.

Deus, através do profeta Jeremias, também falou contra a injustiça e a corrupção:
22.3.Assim diz o Senhor: Exercei o juízo e a justiça, e livrai o espoliado da mão do opressor; e não oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva; não façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar. 22.13. Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do serviço do seu próximo sem remunerá-lo, e não lhe dá o salário do seu trabalho.14 Que diz: Edificarei para mim uma casa espaçosa, e aposentos largos.

O mundo de Jeremias não era muito diferente do nosso. Hoje em dia, vemos violência, morte, opressão e injustiça em todas as classes sociais, do palácio à palafita, do templo à tapera, até mesmo em algumas autoridades civis e religiosas que deveriam zelar pelo povo e promover os ideais democráticos.

Assim como em nossos dias, a sociedade judaica da época do profeta Jeremias tinha perdido a moral e os bons costumes, o certo era o errado e o errado tornou-se o certo. Era uma sociedade cheia de violência, até contra as crianças, soltas pelas ruas, entregues à própria sorte. A juventude daquele tempo se fartava de encontros e reuniões, seriam as “baladas” de hoje?. Tudo isto mostra pais sem controle sobre as famílias; Autoridades fracas; Sensualidade à flor da pele; enriquecimento a qualquer custo; falsidade e hipocrisia.

A violência corre solta nas grandes cidades, com milhares de mortes diariamente, motivadas muitas vezes por motivos banais. Até mesmo nas igrejas se manifesta a violência, através da falta de amor ao próximo, e nas várias manifestações de atitudes egoístas e covardes.

Jeremias denunciou a falta de moralidade de uma sociedade que se dizendo religiosa, adorava falsos deuses, que não tinham voz para orientá-los, e nem mãos para castigá-los. Assim como em nossos dias, corrompiam-se desde o menino até o ancião.

Entre 163 países analisados quanto ao índice de percepção de corrupção, o Brasil está em 70° lugar, e em 14° entre os países da América do Sul. Vejamos alguns exemplos dessa corrupção tão poderosa no Brasil: 

Em 1997, o Banco do Brasil enterrou 210 milhões de reais na falência da construtora Encol; 

Em 2001, foi descoberto um rombo de 220 milhões de reais no programa do seguro-desemprego do Ministério do Trabalho; 

Em 2002, uma quadrilha com funcionários, parentes, amigos e ex-assessores de quatro deputados e um senador, todos eleitos pelo Estado do Tocantins, desviou cerca de 10 milhões de reais de dinheiro público; 

Em 2003, documentos de autoridades suíças comprovaram que 33 milhões de dólares depositados na Europa pertenciam a 8 fiscais federais e estaduais da Receita; 

Em 2004, a Polícia Federal descobriu uma quadrilha que há agia há 14 anos e sugou 2 bilhões de reais do Ministério da Saúde; 

Em 2005, descobriu-se que o McDonald“s, a maior rede de lanches do Brasil e do mundo, pagou 5 milhões de reais por uma portaria da Receita Federal; 

Em 2006, a Operação Sanguessuga da Polícia Federal desmantelou uma quadrilha que tinha desviado 110 milhões de reais destinados à saúde, na compra de ambulâncias. 

Pois é, o Brasil de hoje é bem parecido com o Reino de Judá do tempo do profeta Jeremias. O mais grave é ver que em alguns destes escândalos aconteceu a participação de líderes cristãos, pessoas que fizeram alianças políticas para seus próprios benefícios, chegando inclusive a negociar o voto da igreja em troca de favores ilegais ou imorais.

Estamos em tempos de crise, e precisamos de verdadeiros profetas de Deus. Um profeta é um porta voz de Deus. Não fabrica mensagens. Seu compromisso é o de entregar a mensagem que Deus lhe deu, custe o que custar. Geralmente o preço é alto. Tempos de crise são tempos de profetas. O profeta é o último aviso e oportunidade de Deus para um povo rebelde e pecado, antes de julgar esse povo.

Precisamos de mais profetas Jeremias nos dias de hoje, pessoas que estejam dispostas a pregar o Evangelho de Cristo, que ao mesmo tempo que é uma palavra de esperança, amor e perdão, também é um evangelho de condenação e juízo para todo o pecado e maldade que existe no mundo.

Precisamos de pessoas que, cheias da graça e de fé, estejam dispostas a dar seu tempo, seus recursos, sua profissão, e até sua vida, para que a verdade seja anunciada, mesmo que não seja bem aceita pelo povo.

Um verdadeiro profeta de Deus pode ser perseguido ferozmente, pode experienciar sofrimentos e privações nesta vida, pode ser queimado na fogueira da rejeição, pode ser lançado na cisterna do esquecimento, pode ser esbofeteado por mãos ou por palavras, pode até mesmo ter a morte encomendada, mas ele não desiste, porque sabe que na eternidade celebrará a vitória e será honrado por Deus com a coroa de glória.

Eu tenho uma mensagem para os verdadeiros de profetas de Deus, preparados e levantados contra esta geração, espalhados por este Brasil afora: Saiba esperar o seu tempo. 

Apesar de você perceber a injustiça e a maldade no meio do povo de Deus e da nação é preciso saber perceber o momento de Deus para a sua vida; 

Enquanto Deus não te concede grandes espaços e oportunidades para levantar a tua voz, aproveite os espaços e oportunidades agora oportunizados; 

Mesmo que você não venha a alcançar uma projeção nacional ou mundial, tome como seu campo de trabalho o lugar que Deus te colocou, onde ele te usa e usará; 

Nunca fale além daquilo que tiver certeza de que foi mensagem de Deus para os seus ouvintes; 

Nunca deixe de falar nenhuma palavra que Deus te mandou proclamar, por qualquer razão que seja; 

Qualquer perda que você venha a ter, desde que estejas na vontade de Deus, fará parte de um plano maravilhoso que mente humana não consegue alcançar.

O livro do Profeta Jeremias é um Livro que nos faz despertar a tempo de acordarmos para nossos erros. Se nós, cristãos, queremos ser realmente Igreja de Cristo, precisamos urgentemente repensar nossa situação. Não vamos nos deixar cegar pelos presentes e propinas, não vamos nos deixar acorrentar pelas promessas vazias. Devemos proclamar o tempo de arrependimento; O juízo de Deus que se aproxima desta geração. Devemos trabalhar enquanto é dia, antes que chegue a noite, quando nada mais poderemos fazer.

Fonte: palavra viva e fiel

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O Jejum Bíblico


O jejum é tão bíblico que fazia parte da rotina de vida do povo de Deus tanto no Antigo como no Novo Testamento. Mas o que é o jejum? É um voto de abstinência de alimentos por certo período de tempo com a finalidade de se consagrar. Durante o jejum a pessoa demonstra que o seu propósito é mais importante do que o próprio alimento vital para sua sobrevivência.
João Wesley jejuava duas vezes por semana até a hora do chá e estimulou todos os seus seguidores a fazerem o mesmo dizendo que “o homem que nunca jejua está tão distante do céu quanto o que nunca ora.”
Ao mortificar a carne negando-lhe prazeres e sustento, o espírito é fortalecido (Marcos 14.38) como Jesus orientou que “se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Marcos 8.34).

1- Por que jejuar? Mateus 17.21
O jejum é muito importante para anular a carne e nos aproximar de Deus. Quando estamos em jejum reconhecemos nossas fraquezas e buscamos força espiritual. A grande conquista no jejum é um estado de completa dependência de Deus.
Através do jejum recebemos poder espiritual para vencer o pecado, suportar o mundo e expulsar demônios vencendo todas as fortalezas do inimigo. A santificação deve ser buscada em jejum e oração constante.
Também é possível jejuar por motivos específicos como, por exemplo, pela salvação de alguém ou cura de uma enfermidade como fez Ester intercedendo pelo livramento de seu povo (Ester 4.16 e 5.2).
Você tem muitos motivos para jejuar, principalmente se consagrar a Deus!
                              
2- O jejum que agrada a Deus: Isaías 58.4-7
O jejum que agrada a Deus não abster-se apenas de comida, mas do pecado e de toda forma de mal. Praticar o bem é a melhor forma de se alimentar espiritualmente como Jesus que jejuou no deserto por 40 dias e noites se preparando para o início de seu ministério (Mateus 4.1-11) e ensinou que “a minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (João 4.34).
Há várias maneiras de jejuar por tempo, propósitos e abstinência de alimentos diferentes como Daniel que se absteve apenas do manjar do rei (Daniel 1.8) mas continuou se alimentando com água e legumes (Daniel 1.12). Mas em outro momento jejuou completamente por vinte e um dias (Daniel 10.2,3).
Alguns tipos de jejum são:
-Total: sem comer nada da hora que inicia até o momento da entrega do jejum;
-Sólidos: bebendo apenas água ou algum líquido por motivos de saúde;
-Parcial: de algo que gosta muito como doces, café, refrigerante, etc;
-Prático: de algum hábito ou prazer como assistir TV, internet, língua (silêncio), etc.
E quanto ao período? Quanto tempo deve ser o jejum?
O tempo de jejum pode variar de acordo com o propósito da pessoa. O mais comum é o jejum matinal, mas há quem jejue desde a noite anterior, deixando de jantar e conclui no almoço do outro dia. Algumas pessoas jejum apenas deixando de tomar o café da manhã no horário normal e fazendo o desjejum um pouco mais tarde. Isso é feito principalmente por pessoas que têm problemas de saúde e dificuldades de ficar sem alimentar muito tempo ou têm que fazer atividades físicas que exigem mais energia.
Deus não quer sacrifício e sim obediência porque “obedecer é melhor do que o sacrificar” (I Samuel 15.22). O que importa mesmo no jejum é a qualidade da consagração. É indispensável a dedicação e concentração total durante o jejum. Desde que o jejum seja feito com meditação na Palavra de Deus, oração e adoração não importa o tempo de duração.

3- Como jejuar? Mateus 6.16,17
De acordo com as palavras de Jesus, o momento de jejum deve ser de alegria, ou seja, um tempo de prazer na presença de Deus. O jejum também não pode ser feito para mostrar aos outros e sim exclusivamente para Deus. Portanto, se não houver necessidade, não é preciso sair contando para todos que está em jejum.
Algumas dicas para fazer o jejum:
1º - tenha um propósito específico ou motivo para seu jejum;
2º - planeje o tempo que vai jejuar e a forma ou o que vai se abstiver;
3º - inicie o jejum orando, pedindo perdão e forças. Leia a Bíblia e louve ao Senhor;
4º - concentre-se o máximo possível, refletindo, cantando, orando ou lendo;
5º - ao terminar o jejum, ore entregando o propósito a Deus;
Faça o jejum como puder, só não deixe de se consagrar a Deus!

O jejum deve ser feito para Deus e não para nós mesmos (Zacarias 7.4-6). O propósito depois de feito deve ser cumprido porque “quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes” (Eclesiastes 5.4). Não espere precisar de um socorro para jejuar em consagração. O jejum deve ser parte da rotina do cristão que deseja se dedicar a Deus.

Fonte: esbocosermao.com

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Cristão pode realizar milagres hoje?


Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai (João 14.12).
Este dito de Jesus é difícil porque parece prometer que seus discípulos seriam capazes de realizar os milagres que Ele realizou, e até mesmo maiores, se somente cressem nEle – e pelo que lemos no livro de Atos e na história da Igreja, esta promessa não parece ter-se cumprido. Compreender o real sentido desta passagem tem se tornado ainda mais crucial pois ela tem sido usada, após o surgimento do movimento pentecostal e seus desdobramentos, para defender modernas manifestações miraculosas, iguais e maiores dos que as efetuadas pelo próprio Jesus Cristo.Jesus fez esta promessa aos seus discípulos na noite em que foi traído, antes de ir com eles para o Getsêmani, durante o jantar em que instituiu a Ceia. O Senhor falou que iria para o Pai preparar lugar para os discípulos (Jo 14.1-4), e em seguida explicou como eles chegariam lá (14.5-6). Respondendo ao pedido de Filipe para que lhes mostrasse o Pai, Jesus explica que Ele está de tal forma unido ao Pai, que vê-lo é ver o Pai (14.7-9). E como prova de que Ele está no Pai e o Pai está nEle, Jesus aponta para as obras que realizou (14.10-11). E em seguida, faz esta promessa, “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (14.12).
Há duas principais tentativas de interpretar este dito de Jesus:
1. As “obras” são os milagres físicos realizados por Jesus
A interpretação popular e mais comum, aceita pela maioria dos evangélicos no Brasil (esta maioria, por sua vez, é composta na maior parte por pentecostais e neopentecostais), é que Jesus realmente prometeu que seus discípulos seriam capazes de realizar os mesmos milagres que Ele realizou, e mesmo maiores. É importante notar que muitos membros de igrejas históricas, como presbiterianos, batistas, congregacionais e episcopais, entre outros, também foram influenciados por este ponto de vista. Nesta interpretação, a palavra “obras” é entendida exclusivamente como se referindo aos milagres físicos que Jesus realizou, como curas, exorcismos e ressurreição de mortos. Os adeptos desta interpretação entendem que existem hoje pastores, obreiros e crentes com capacidade para realizar os mesmos milagres de Jesus – e até maiores. Defendem que curas, visões, revelações e de outras atividades miraculosas estão acontecendo no seio de determinadas igrejas nos dias de hoje, exatamente como aconteceram nos dias de Jesus e dos apóstolos. E desta perspectiva, se uma igreja evangélica não realiza estes sinais e prodígios, significa que ela é fria, morta, sem fé viva em Jesus.
Apesar desta interpretação parecer piedosa e cheia de fé (e é por isto que muitos a aceitam), tem algumas dificuldades óbvias. Primeira, apesar dos milagres que realizaram, nem os apóstolos, que foram os cristãos mais próximos desta promessa, parecem ter suplantado aqueles de Jesus, em número e em natureza. Jesus andou sobre as águas, transformou água em vinho, acalmou tempestades e suas curas, segundo os Evangelhos, atingiram multidões. Não nos parece que os apóstolos, conforme temos no livro de Atos, suplantaram o Mestre neste ponto. Segundo, a História da Igreja não registra, após o período apostólico, a existência de homens que tivessem os mesmos dons miraculosos dos apóstolos e que tenham realizado milagres ao menos parecidos com os de Jesus. Na verdade, os grandes homens de Deus na História da Igreja nunca realizaram feitos miraculosos desta monta, como Agostinho, Lutero, Wycliffe, Calvino, Bunyan, Spurgeon, Moody, Lloyd-Jones, e muitos outros. Os pregadores pentecostais que afirmam ser capazes de realizar milagres semelhantes, e ainda maiores, não têm um ministério de cura e milagres consistente e ao menos semelhantes aos de Jesus. O famoso John Wimber, um dos maiores defensores das curas modernas, morreu de câncer na garganta. Antes de morrer, confessou que nunca conseguiu curar uma criança com problemas mentais, e nem conhecia ninguém que o tivesse feito. Os cultos de cura de determinadas igrejas neopentecostais alegam milagres que são de difícil comprovação. Terceiro, esta interpretação deixa sem explicação o resto da frase de Jesus: “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (14.12). E por último, esta interpretação implica que os cristãos que não fizeram os mesmos milagres que Jesus fez não tiveram fé suficiente, e assim, coloca na categoria de crentes “frios” os grandes vultos da História da Igreja e milhões de cristãos que nunca ressuscitaram um morto ou curaram uma doença.
Esclareço que não estou dizendo que Deus não faz milagres hoje. Creio que Ele faz, sim. Creio que Ele é poderoso para agir de forma sobrenatural neste mundo e que Ele faz isto constantemente. O que estou questionando é a interpretação desta passagem que afirma que se tivermos fé faremos milagres maiores do que aqueles realizados por Jesus.
2. As “obras” se referem ao avanço do Reino de Deus no mundo
A outra interpretação entende que Jesus se referia obra de salvação de pecadores, na qual, obviamente, milagres poderiam ocorrer. Os principais argumentos em favor desta interpretação são estes:
a. A expressão “quem crê em mim” é usada consistentemente no Evangelho de João para se referir ao crente em geral, em contraste com o mundo que não crê. Examine as passagens abaixo:
Jo 6:35 Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.
Jo 6:47 Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.
Jo 11:25-26 Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?
Jo 12:46 Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.

Fica claro pelas passagens acima que aqueles que crêem em Jesus são os crentes em geral, e que a fé em questão é a fé salvadora. Por analogia, a expressão “quem crê em mim” em João 14.12 também se refere a todo crente, e não àqueles que teriam uma fé tão forte que seriam capazes de exercer o mesmo poder de Jesus em realizar milagres – e até suplantá-lo!
b. O termo “obras” referindo-se às atividades de Jesus, é usado no Evangelho de João para se referir a tudo aquilo que Ele fez, conforme determinado pelo Pai, para mostrar Sua divindade, para salvar pecadores e para glorificar ao Pai. Veja estas passagens: Jo 4:34; 5:20,36; 6:28,29; 7:3; 9:3,4; 10:25,32,33,37,38; 14:10,11; 14:12; 15:24; 17:4. O termo “obras” não se refere exclusivamente aos milagres de Jesus, muito embora em algumas ocorrências os inclua. No contexto da passagem que estamos examinando, Jesus usa o termo “obras” para se referir às palavras que Ele tem falado: “Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras” (Jo 14.10). É evidente, portanto, que não se pode entender o termo “obras” em Jo 14.12 como se referindo exclusivamente aos milagres físicos realizados por Jesus. O termo é muito mais abrangente e se refere à sua toda atividade terrena realizada com o fim de salvar pecadores: palavras, atitudes e, sem dúvida, milagres.
c. A frase “porque eu vou para junto do Pai” fornece a chave para entender este dito difícil. Enquanto Jesus estava neste mundo, sua ação salvadora era limitada pela sua presença física. Seu retorno à presença do Pai significava a expansão ilimitada do Reino pelo mundo através do trabalho dos discípulos, começando em Jerusalém e até os confins da terra. Como vimos, as “obras” que Ele realizou não se limitavam apenas aos milagres físicos, mas incluíam a influência dos mesmos nas pessoas e a pregação do Reino efetuada por Jesus. Estas obras, porém, estavam limitadas pela Sua presença física em apenas um único lugar ao mesmo tempo. As “obras maiores” a ser realizadas pelos que crêem devem ser entendidas deste ponto de vista: os discípulos, através da pregação da Palavra no mundo todo, suplantaram em muito a área de atuação e influência do Senhor Jesus, quando encarnado.
Adotar a interpretação acima não significa dizer que milagres não acontecem mais hoje. Estou convencido de que eles acontecem e que estão implícitos neste dito do Senhor Jesus. Entretanto, eles ocorrem como parte da obra de expansão do Reino, que é a obra maior realizada pela Igreja.
O dito de Jesus, portanto, não está prometendo que qualquer crente que tenha fé suficiente será capaz de realizar os mesmos milagres que Jesus realizou e ainda maiores – a Escritura, a História e a realidade cotidiana estão aí para contestar esta interpretação – e sim que a Igreja seria capaz de avançar o Reino de Deus de uma forma que em muito suplantaria o que Jesus fez em seu ministério terreno. Os milagres certamente estariam e estão presentes, não como algo que sempre deve acontecer, dependendo da fé de alguns, e não por mãos de pretensos apóstolos e obreiros super-poderosos, mas como resposta do Cristo exaltado e glorificado às orações de seu povo.
Fonte: Augustus Nicodemus

A Ira: Um Pecado de Muitos Crentes

A linha que divide a “Ira” como indignação contra a injustiça, a maldade e a violência, da “Ira” como ferramenta de ataque e defesa como expressão de nossa indignação contra pessoas é muito tênue. É muito fácil justificar o mal uso da ira com os motivos de uma indignação justa. Nisso, muitos pecam!

Nem sempre nos sentimos mal ao agirmos de forma iracunda, principalmente se nos classificaram como pessoas coléricas. Para alguns, essa classificação é motivo de glória, mas na verdade o que chamam de temperamento não passa de um terrível defeito de caráter.

Explosões emocionais, gritaria e violência nunca são sinônimos de “indignação”. É sim, um descontrole emocional provocado por uma série de maus hábitos, abuso de autoridade e complexos de inferioridade.

1- “Irai-vos, e não pequeis...”

Ninguém está livre de irar-se! A bíblia diz que Deus se ira! “A Ira de Deus vem contra toda injustiça dos Homens... “. O Senhor recomendou: “Não se ponha o sol sobre a vossa ira”. Dezenas de outros textos atestam para o fato de que irar-se nem sempre tem é algo pecaminoso. Jesus, quando expulsou os cambistas do templo, o fez com profunda indignação pela falta de temor a Deus.

Esse tipo de ira, necessária em determinadas situações, leva a pessoa a agir em favor da verdade, do amor e da justiça. Nunca em defesa própria!

2- “A ira do homem não produz a justiça de Deus”

A ira do homem, todavia, não é um instrumento de justiça. Ela deveria levar o homem a buscar a justiça de Deus. Quando isso não ocorre, o homem tenta fazer justiça própria, dando vazão à sua ira e assim acaba pecando!

Por exemplo: Se nossos filhos nos desobedecem, achamos que é justo “gritar” com eles. Também os irmãos mais velhos julgam ter o direito de “se irar” com os mais novos porque esses não fazem o que eles querem. Há uma seqüência natural dos fatos que se desencadeiam na ira. Primeiro há uma expressão facial de desagrado, depois um semi-cerrar das pálpebras, em seguida um travar das mandíbulas e por fim a explosão verbal seguida de gestos violentos. Tudo isso pode ocorrer em fração de segundos.
A depender de quem é o objeto da ofensa, a coisa pode ser
instantânea!

A mesma pessoa que se ira com alguém, pode não se irar com outra pessoa mesmo que ela faça exatamente o que a primeira tenha feito ou falado! Por quê? É aqui que se define o primeiro sintoma da “ira pecaminosa”. Ela tem endereço certo!
Jesus falou sobre isso quando disse: “Todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raça, será réu diante do Sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno”- (Mt 5.22).

É por esse padrão que seremos julgados. O julgamento não é pelo “por quê” da ira mas sim contra quem se ira! O que a ira provoca no irmão determinará o grau de pecaminosidade que há nesse ato.

Muitos de nós nem chegaria a pensar nisso como algo grave, mas Jesus disse que isso pode levar alguém ao inferno! Considera essas pessoas no mesmo grupo dos assassinos. “Se tão somente odiares a teu irmão, no coração já o mataste”.

As cicatrizes que ficam na alma dos que foram vítima da ira de alguém, pode perdurar pela vida toda e algumas nunca se aliviam disso.

São inúmeros os casos de filhos que odeiam seus pais e não conseguem perdoá-los por terem sido vítimas de acessos de ira. Não são poucos os casamentos que se dissolvem porque um dos cônjuges não conseguia se controlar. Há inimizades profundas entre irmãos do mesmo sangue que, por não serem ajudados na infância e adolescência, vivem separados e solitários.
Deus condena sim a ira! Da mesma forma que os “mansos herdarão a terra”, diz que os “iracundos são passíveis do inferno”. Não podemos tratar da ira como um pecado sem valor.

Quando alguém tem que usar gritos para se fazer ouvir, já perdeu o direito de falar! Jesus disse: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.

“Não saia de tua boca nenhuma palavra torpe, mas somente a que edifique.”

3- “Enganoso é o coração”.

Muitos justificam sua ira pelas “boas” intenções do coração! Mas, pode vir algo bom do coração? A Bíblia diz que o coração é engano, perverso e corrupto! É desse coração que surgem os homicídios, os adultérios, a maledicência. É no coração onde se peca primeiro! A boca fala do que está cheio o coração.

Quando uma pessoa esbraveja, grita e explode em ira, revela como está o coração. Ele pode até mesmo se controlar em diversas situações, mas uma vez em “suposta liberdade”, lá vem o coração carnal determinando o comportamento.

O coração pode ser considerado como um “covil de ladrões”. Ali estão os maus pensamentos, as más intenções e tudo se inicia ali. É uma fonte de veneno mortífero. Cada vez que alguém é atingido por aquele veneno, uma parte dele morre! Morre a esperança, a fé, o amor, a bondade...

Pode haver algo bom atrás de nossas palavras ásperas, violentas e furiosas? Não passamos de hipócritas querendo dar um colorido diferente na nossa carnalidade. Fingimos quando dizemos que queremos o bem das pessoas, que fazemos aquilo por amor. Pura hipocrisia! Se nossas palavras ofendem, magoam e ferem como pode isso ajudar alguém?

O que ocorre realmente é que queremos extravasar a nossa contrariedade e ira. Nos iramos porque a ação das pessoas vem contra nossos interesses, nossos direitos, nossas vontades, nossas opiniões, nossos planos, etc...

“Uma pessoa irada é como uma taça cheia de veneno, quem dela beber, morrerá!”

4- Temos que encarar a ira como pecado!

Corre-se o perigo de ficar racionalizando o pecado! Ao querer achar um motivo justo, podemos estar caindo na armadilha do diabo. Precisamos agir radicalmente contra isso. Não nos permitir irar-se em hipótese alguma. Não podemos admitir que um discípulo de Jesus não consiga se auto-controlar. É exatamente para isso que recebemos o Espírito Santo. Um dos frutos do Espírito é: Domínio próprio!

Jesus transformou um Moisés assassino o homem mais manso, mais do que todos os homens”. Não fará isso por nós? O caminho é sempre o mesmo: Cruz!

Paulo disse: “Estou crucificado com Cristo e não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim”. Vive? Se Cristo vive em nós é óbvio que se manifestará a mansidão e a humildade!

Também escreveu: “Rogo-vos, como prisioneiro do Senhor, que andeis de modo digno da vocação com que fostes chamados, com toda humildade e mansidão, suportando-vos uns aos outros em amor” – Ef 4.1-2.

Fonte: Solascriptura

domingo, 4 de novembro de 2012

Por Que o Crente Sofre?


No âmago da mensagem do livro de Jó, acha-se a sabedoria que responde à questão a respeito de como Deus se envolve no problema do sofrimento humano. Em cada geração, surgem protestos, dizendo: “Se Deus é bom, não deveria haver dor, sofrimento e morte neste mundo”. Com este protesto contra as coisas ruins que acontecem a pessoas “boas”, tem havido tentativas de criar um meio de calcular o sofrimento, pelo qual se pressupõe que o limite da aflição de uma pessoa é diretamente proporcional ao grau de culpa que ela possui ou pecados que comete. No livro de Jó, o personagem é descrito como um homem justo; de fato, o mais justo que havia em toda a terra. Mas Satanás afirma que esse homem é justo somente porque recebe bênçãos de Deus. Deus o cercou e o abençoou acima de todos os mortais; e, como resultado disso, Satanás acusa Jó de servir a Deus somente por causa da generosa compensação que recebe de seu Criador. Da parte do Maligno, surge o desafio para que Deus remova a proteção e veja que Jó começará a amaldiçoá-Lo. À medida que a história se desenrola, os sofrimentos de Jó aumentam rapidamente, de mal a pior. Seus sofrimentos se tornam tão intensos, que ele se vê assentado em cinzas, amaldiçoando o dia de seu nascimento e clamando com dores incessantes. O seu sofrimento é tão profundo, que até sua esposa o aconselha a amaldiçoar a Deus, para que morresse e ficasse livre de sua agonia.

Na continuação da história, desdobram-se os conselhos que os amigos de Jó lhe deram, Elifaz, Bildade e Zofar. O testemunho deles mostra quão vazia e superficial era a sua lealdade a Jó e quão presunçosos eles eram em presumir que o sofrimento indescritível de Jó tinha de fundamentar-se numa degeneração radical do seu caráter. Eliú fez discursos que traziam consigo alguns elementos da sabedoria bíblica. Todavia, a sabedoria final encontrada neste livro não provém dos amigos de Jó, nem de Eliú, e sim do próprio Deus. Quando Jó exige uma resposta de Deus, Este lhe responde com esta repreensão: “Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge, pois, os lombos como homem, pois eu te perguntarei, e tu me farás saber” (Jó 38.2, 3).

O que resulta desta repreensão é o mais vigoroso questionamento já feito pelo Criador a um ser humano. A princípio, pode parecer que Deus estava pressionando Jó, visto que Ele diz: “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?” (v. 4) Deus levanta uma pergunta após outra e, com suas perguntas, reitera a inferioridade e subordinação de Jó. Deus continua a fazer perguntas a respeito da habilidade de Jó em fazer coisas que lhe eram impossíveis, mas que Ele podia fazer. Por último, Jó confessa que isso era maravilhoso demais. Ele disse: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (42.5-6).

Neste drama, é digno observar que Deus não fala diretamente a Jó. Ele não diz: “Jó, a razão por que você está sofrendo é esta ou aquela”. Pelo contrário, no mistério deste profundo sofrimento, Deus responde a Jó revelando-se a Si mesmo. Esta é a sabedoria que responde à questão do sofrimento — a resposta não é por que tenho de sofrer deste modo particular, nesta época e circunstância específicas, e sim em que repousa a minha esperança em meio ao sofrimento. A resposta a essa questão provém claramente da sabedoria do livro de Jó: o temor do Senhor, o respeito e a reverência diante de Deus, é o princípio da sabedoria. Quando estamos desnorteados e confusos por coisas que não entendemos neste mundo, não devemos buscar respostas específicas para questões específicas, e sim buscar conhecer a Deus em sua santidade, em sua justiça e em sua misericórdia. Esta é a sabedoria de Deus que se acha no livro de Jó.

Fonte: R. C. Sproul